Planeta terra: Casa comum, nossa responsabilidade (Amos 5,24)
“Frequentemente lamentamos que a vida, hoje em dia, é difícil. Mas, a culpa não é do tempo em que vivemos, e sim de nós mesmos. Se mudarmos nossa forma de viver, nossa percepção da vida também mudará.”
Santo Agostinho
Não podemos negar que o avanço tecnológico que aconteceu nas últimas décadas trouxe muitos benefícios, mas ainda há muitos lugares no mundo que enfrentam problemas com a falta de saneamento básico.
Essa realidade que, muitas vezes, parece distante da nossa, foi o tema da Campanha da Fraternidade de 2016, visando chamar atenção para a questão do saneamento básico no Brasil e sua importância para garantir desenvolvimento, saúde integral e qualidade de vida para todos.
Em Língua Portuguesa, com o objetivo de refletir e propor uma mudança de postura, os alunos do 7º ano leram “TERRA, CASA DE TODOS! Desafios do saneamento básico”, de Fernando Carraro, que conta a história de dois amigos que se unem para ajudar a população de uma cidade a resolver o problema da greve dos coletores de lixo. Nessa história sobre cidadania e solidariedade, foram abordadas questões importantes sobre o saneamento básico.
Aproveitando a abordagem do tema, o professor de História sugeriu aos alunos uma pesquisa sobre a pandemia conhecida como Peste Negra, que ocorreu durante a segunda metade do século XIV e integrou a série de acontecimentos que contribuíram para o fim do período histórico conhecido como Idade Média.
A propagação dessa doença ocorreu através de ratos, que transportavam pulgas infectadas pelo bacilo Yersinia pestis. A nomenclatura “negra” se explica pelas lesões na pele dos contaminados: grandes manchas negras em diversas partes do corpo e inchaços que podiam ter o tamanho de uma maçã, sendo denominados “bubões”; por este motivo essa doença também era conhecida como Peste Bubônica. Outros sintomas da doença eram febres altíssimas, vômitos com sangue, complicações pulmonares e convulsões e, em 80% dos casos, o contaminado morria em apenas alguns dias. Desse modo, essa doença causou a morte de aproximadamente um terço da população europeia medieval, além de ter gerado revoltas sociais, banditismos e outros fenômenos que explicam o enfraquecimento do feudalismo.
A melhor explicação para a proliferação da peste negra na Europa está na falta de saneamento básico do referido período. As pessoas viviam em um ambiente sem as mínimas condições de higiene, esgoto ou limpeza. Exemplo dessa precariedade se encontra no modo como as pessoas viviam: em um único recinto, sem divisões internas, coabitando com animais, com apenas uma janela, que costumava ser fechada para manter o calor da casa; o piso era de terra, forrado com palha. As roupas eram lavadas raramente, sempre infectadas por pulgas, piolhos, percevejos e traças. Os banhos eram quase anuais, não existia uma estrutura para as necessidades básicas; desse modo, quando um membro da família adoecia era praticamente impossível evitar o contágio.
A partir deste panorama medieval, é possível concluir que a Peste Negra provavelmente não teria ocorrido se as condições de saneamento e higiene fossem outras, pelo menos não na extensão e intensidade em que ocorreu.
Como na história de Fernando Carraro foram citadas várias doenças decorrentes da falta de saneamento básico, na disciplina de Ciências o respectivo professor separou as salas em grupos para que cada um elaborasse um trabalho sobre uma doença que aparecia no livro (ascaridíase, esquistossomose, cólera, febre tifoide, febre amarela, leptospirose, dengue e malária), apresentando o nome científico do agente causador, como ocorre a transmissão, os sintomas, o diagnóstico e o tratamento.
Além dos aspectos mencionados, cada grupo deveria ainda fazer um breve relato histórico da doença e, principalmente, relacionar as boas condições de saneamento básico como medidas efetivas de combate às doenças, ressaltando o comprometimento de cada cidadão na erradicação das mesmas.
Marta Maria C. Fregnan Faça (Professora de Língua Portuguesa)
Guilherme Martins Sonehara (Professor de Ciências)
Ricardo Augusto Aidar Abib (Professor de História)