Minha liberdade é escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo.
Clarice Lispector
No transcorrer deste ano, os alunos dos quintos anos vivenciarão variadas situações de leitura de textos de diferentes gêneros escritos com diferentes propósitos comunicativos. No início do primeiro trimestre, foi desenvolvido o trabalho com contos etiológicos, um tipo de história que procura dar uma explicação não científica para a origem das coisas e dos seres.
Após a leitura e o estudo de vários contos etiológicos, chegou a hora de “colocar a mão na massa”. Os alunos são desafiados a produzir um conto etiológico.
A produção textual é uma atividade que exige comportamentos escritores imprescindíveis como as etapas de planejamento, escrita, revisão e reescrita. A primeira produção envolveu todas essas etapas de forma coletiva e, em outro momento, cada aluno produziu seu conto individualmente.
Produções coletivas de cada turma do 5º ano
Porque as cobras não têm pernas?
Há muitos e muitos anos as cobras tinham pernas e, uma delas, que morava na Floresta Amazônica, era muito maldosa e adorava maltratar uma pobre e inocente tartaruga, que também vivia por ali.
Certa vez, a tartaruga caminhava em busca de alimento. Por ter o passo lento, demorava muito e, no momento em que ela estava muito próxima dos vegetais, a cobra, ágil e metida, passou na sua frente e devorou tudo que tinha lá.
Com ar triste e desconsolado a tartaruga perguntou:
_ Por que você fez isso comigo? Estou morrendo de fome…
_ Bem, eu também estava com fome! – respondeu a cobra.
_ Então acho que poderíamos dividir os alimentos, o que você acha?
_ Tenho uma ideia melhor! – disse a cobra – Vamos fazer uma corrida daqui até o rio. Quem chegar primeiro fica com todos os alimentos da floresta por uma semana. Fechado?!
_ Mas eu não quero tudo para mim, acho que podemos dividir… – responde a tartaruga preocupada.
_ Não senhora! Essa e minha proposta! Ou aceita, ou morre de fome! É pegar ou largar!!!
Sem escolha, a pobre tartaruga aceitou a aposta. Chegou o dia da corrida. Sem o menor esforço a cobra estava na frente e, debochada, olhando para trás, ria da tartaruga que suava descontroladamente.
Ao término da corrida, a cobra venceu. Então começou a gargalhar e apontar o dedo para a inocente perdedora. A coitada tartaruga engoliu seco aquela situação, mas tão triste ficou que começou a chorar, certa de que morreria.
Um bruxo que morava ali perto foi buscar água no rio e se deparou com aquela situação. Ele não acreditava no que acabara de testemunhar, uma cobra rindo e se deliciando com vários alimentos e uma tartaruga chorando tristemente.
Diante disso, o bruxo perguntou à coitada:
_ Oh, minha filha o que te aflige?
_ Ah, não é nada… Não quero te incomodar com meus problemas.
_ Não tem problema nenhum, quero te ajudar.
Com sua insistência, a tartaruga explicou ao bruxo o ocorrido. Furioso, imediatamente, o bruxo foi dizendo:
_ Com a velocidade veio a maldade! Você decidiu a tartaruga maltratar, agora sem pernas irá ficar!!!
No mesmo instante a cobra ficou sem pernas. Mas ficou com tanta raiva que começou a destilar veneno
E é por isso que hoje em dia as cobras não têm pernas.
Produção coletiva do 5º A – 2016
Porque as cobras não têm pernas?
Em uma noite estrelada, um garoto estava assistindo a um documentário sobre animais. Então, ficou pensativo sobre algo e perguntou para sua avó:
_ Vó, por que as cobras não têm pernas?
Para responder sua pergunta, a avó contou-lhe uma história que tinha ouvido quando criança.
_ Meu neto, tudo começou há muitos, muitos e muitos anos, em uma aldeia indígena…
Naquele tempo existia apenas um casal de cobras e elas tinham pernas. Porém, em suas garras afiadas havia um veneno mortal e, por maldade, arranhavam os animais da aldeia.
Certa vez, em busca de alimentos, as cobras foram ao rio e devoraram todos os peixes que havia lá. Não satisfeitas, voltaram à aldeia, entraram no chiqueiro e devoraram vários porcos que começaram a grunhir desesperadamente.
Naquele momento, o pajé saiu da sua oca preocupado com seus animais. Traiçoeiras, as cobras, que estavam escondidas, andaram rapidamente e deram arranhões no chefe da tribo, que imediatamente caiu desmaiado.
Voltando das caçadas, os índios da tribo encontraram o pajé caído no chão. Então, levaram-no para a oca e o curandeiro da tribo disse que ele fora envenenado pelas maldosas cobras. Medicado com ervas da mata, o pajé se recompôs, porém, perdeu o movimento das pernas.
Como consequência da maldade das cobras, o pajé orientou sua tribo:
_ Não mataremos essas criaturas, pois elas fazem parte da natureza e compõem a cadeia alimentar. Mas arrancaremos suas pernas para que percam seu terrível veneno e sintam-se como eu. Elas não andarão mais!
Então, os índios preparam uma armadilha para as cobras usando animais como isca para atraí-las. Quando elas caíram na armadilha e ficaram presas, os índios as seguraram fortemente e arrancaram suas pernas a facadas.
Depois disso, meu querido neto, as cobras se reproduziram e seus filhotes nasceram sem pernas.
_ Ah, entendi vovó…
_ Calma, meu neto, ainda não acabou. O pajé devolveu o veneno das cobras para que elas pudessem caçar e não morrer de fome, mas agora pela boca e com a condição que elas não envenenassem mais ninguém da aldeia.
E é por isso que as cobras não têm pernas…
Produção coletiva do 5º B – 2016
Porque as cobras não têm pernas?
Havia um menino muito curioso chamado Nataniel. Certa noite ele estava na casa de sua avó que lia para ele uma história sobre cobras. Então o menino perguntou:
_ Vó, por que as cobras não têm pernas?
_ Vou lhe contar uma história sobre esses animais, Nataniel. Preste atenção!
Muito tempo atrás, em uma floresta afastada da cidade, existiam várias cobras e naquele tempo as cobras tinham pernas. Mas uma das cobras era especial, pois defendia a floresta dos caçadores, porque lá tinham animais muito raros, inclusive, algumas das espécies estavam entrando em extinção.
Com suas pernas rápidas, ela patrulhava toda a floresta verificando se havia perigo nas redondezas. Por muito tempo os animais viveram tranquilamente, já que a cobra era uma grande protetora da mata.
Porém, um dia, em uma de suas patrulhas, a cobra avistou um caçador que estava mirando em uma arara-azul. Furiosa, ela perseguiu o caçador, pois ele acabara de matar a pobre arara.
O que ela não sabia é que esse caçador já viera para a mata com o objetivo de matá-la, pois há alguns anos, seu pai, que também era caçador, foi morto por essa cobra. Ele queria vingança; queria matá-la pela honra de seu pai. Foi por isso que ele matou a arara-azul. Ele a usou de isca para chamar a atenção da cobra e ela o perseguiu até uma armadilha de dentes de ferro com veneno, que já estava preparada.
Em sua alucinante perseguição, a guardiã da floresta acabou caindo na inesperada armadilha e ficando presa. Então começou a se debater e forçar seu corpo para sair daquela prensa. De tanto se puxar, conseguiu escapar, porém suas pernas foram arrancadas e o veneno que era para matá-la foi absorvido por seu corpo, então ela tornou-se venenosa e matou o caçador.
E é por isso, Nataniel, que as cobras não têm pernas e são animais perigosos e venenosos.
Produção coletiva do 5ºC – 2016
Por que o mar tem ondas?
No começo dos tempos, quando o mar ainda não tinha ondas, a água não batia nas pedras e o mar era tranquilo. Havia muitos peixes, de variadas espécies, vivendo em paz, harmonia e sossego.
Entre os moradores do mar, havia uma baleia muito insatisfeita com tanta calmaria. Ela convocou seus amigos para uma reunião muito importante, pois queria definir se o mar continuaria calmo ou não.
Todos concordaram que se as águas do mar fossem agitadas, com ondas, seria mais divertido para nadarem e brincarem. O tubarão sugeriu à baleia:
__ Nós dois somos grandes e podemos nos movimentar rápido para formar ondas!
__ É verdade! – concordou a baleia. – Mas todos podem ajudar! Vamos nos unir!
Todos se movimentaram muito com bastante rapidez. As águas do mar ficaram com ondas como todos queriam.
E é por isso que até hoje há ondas no mar e seus habitantes se movimentam para todos os lados.
Produção coletiva do 5º D – 2016
Por que o gambá é fedorento?
Em um tempo muito antigo, quando os animais ainda falavam, existia um gambá que era assistente da corte real, ou seja, era o fiel ajudante do leão, o famoso rei da selva.
Chegou um tempo de muita seca, a vida foi ficando cada vez mais difícil, pois ninguém conseguia comida e faltava água. O rei leão mandou o gambá procurar um lugar com água e comida para ser o novo lar da corte real.
O gambá partiu para cumprir a missão. Depois de vários dias de andança, encontrou um lugar onde havia alimento e vegetação.
Ele, muito feliz, voltou pra contar a grande novidade.
O leão ficou muito feliz e animado com a notícia. Ele convocou os animais e avisou:
__ Amanhã bem cedo partiremos para um lugar onde há água e comida.
__ Oba! Que bom que esse sofrimento vai acabar! – disseram em coro os animais.
Ao amanhecer, partiram todos os animais ansiosos para chegarem logo ao novo lar. No caminho, quando estavam quase chegando, precisaram atravessar um imenso e fedido lamaçal. O gambá atravessou primeiro para todos verem que era seguro passar por ali.
No final da travessia o gambá voltou para ajudar a tartaruga que estava demorando muito para chegar do outro lado. O coitado ficou vários dias preso no lamaçal e, quando conseguiu sair, aquele cheiro horrível da lama não saía de seu corpo, mesmo com muitos banhos.
Isso explica porque o gambá até hoje é fedorento.
Produção coletiva do 5º E – 2016
Como surgiu a chuva?
Antigamente as nuvens não ficavam no céu. Elas viviam no chão como as pessoas. As nuvens moravam em um lugar bonito, tranquilo, arborizado, com riachos e cachoeiras, frutas e flores. Esse lugar era chamado de Recanto das Nuvens.
A vida no Recanto das Nuvens era calma, as pessoas visitavam esse lugar e gostavam de acariciar as nuvens fofinhas e branquinhas como algodão. Mas, chegou um dia em que o sol começou a ficar muito quente e destruir as belezas do Recanto.
Quando viram a destruição, as nuvens se desesperaram:
__ O que está acontecendo com o nosso lar?
__ Eu não sei! E agora, o que vamos fazer?
As pessoas também começaram a se desesperar:
__ Estamos ficando sem água!
__ Vai faltar alimento!
__ Como viveremos nessa situação?!
As nuvens resolveram se refrescar numa cachoeira que só elas conheciam e ainda tinha bastante água. Ficaram tanto tempo lá que acabaram encharcadas.
Nesse momento, bateu uma ventania muito forte; as árvores balançavam como loucas, as águas tremiam formando correnteza, as nuvens foram levadas pelo vento.
Lá no céu, as nuvens se espalharam e começaram a despejar a água que estava nelas. Ficaram muito felizes ao perceberem que a água deixava as pessoas, os animais e as plantas contentes.
Quando chove é porque as nuvens estão muito felizes e querem compartilhar sua felicidade com todos.