Projeto "Marcas do Tempo"

O PASSADO NO PRESENTE:
O MISTÉRIO DE JAPURÁ E O CASARÃO DA VILA VENTURA 

Coordenação: Mara Cristina B. da S.Freitas
Áreas envolvidas: Ciências (Prof. Luís Gustavo da C. Galego)
                               História (Profa. Glaucia Cristina Rodrigues Gomes)
Público-alvo: Alunos do 7º ano do Ensino Fundamental
Datas das Visitas: 04 e 06/06/2007

Referências ao Projeto Marcas do Tempo:

O passado no presente: O mistério de Japurá e o casarão da Vila Ventura

Descobrindo a natureza - Sítio Hipona

O Brasil é café - Fazenda Santa Cecília

Da terra à xícara - exposição e palestra

 

Fotos da visita de reconhecimento

Visita dos alunos no dia 04/06/2007

Visita dos alunos no dia 06/06/2007

INTRODUÇÃO

         Entender o presente significa, freqüentemente, resgatar o passado. Diversas situações atuais nada mais são do que revivais de fatos passados ou conseqüências inesperadas deles. Uma das maneiras de se entender o presente é resgatar informações históricas de fatos de um passado regional.

Em nossa região existem dois exemplos claros de história regional que nos permite entender o presente a partir do passado e prever as conseqüências futuras de ações anteriores que se repetem no agora: Os vilarejos de Japurá (Tabapuã) e Vila Ventura (Ibirá). Ambos os vilarejos nada mais são do que aglomerados de construções, algumas em ruínas, pobremente povoadas mas que, num passado não tão distante, foram importantes centros econômicos da região, sobretudo graças à monocultura cafeeira.

A queda do café foi nitidamente a causa do declínio de Vila Ventura, que tem como ícone o casarão abandonado do então Capitão Ventura, importante produtor de café na época do apogeu da vila. Em Japurá, as causas não são tão óbvias pois, agregada à crise cafeeira, uma epidemia de malária também assolou a população.

Meados da década de 50. A linha férrea que comunicava o então decadente povoado de Japurá, distrito de Tabapuã é desviada 1,5Km. O povoado se extinguiria anos depois. Atualmente, além das ruínas da antiga estação, alguns prédios contam com poucos habitantes. A Igreja, no alto da cuesta, continua lá, imponente em sua pequenez.

O que teria levado um povoado que contava com uma ampla gama de opções, como hotel, comércio, penitenciária, cemitério, além da estação férrea, ao total declínio?

Várias são as hipóteses: A queda no valor do café, principal produto agrícola que movia a economia local? A epidemia de malária, uma então doença endêmica da região?

Fatos históricos reforçam a primeira hipótese. Nos primeiros anos do séc. XX era absoluto o predomínio das áreas cultivadas no Brasil, de forma bastante similar ao processo relacionado à contemporânea expansão da cana-de-açúcar. Essa expansão pode ser elegantemente ilustrada nas palavras de Afonso Taunay, em um lúcido comentário sobre a “epidemia” cafeeira: “Terras eram invadidas, estradas antieconômicas, com prejuízo para o erário federal eram construídas para plantar café, só café, nada além do café”.  Essa “mega” monocultura econômica entrou em franco declínio antes da década de 50, dizimando, com sua decadência, diversos povoados que apresentavam sua produção econômica baseada na economia cafeeira. Seria esta a causa da extinção de Japurá?

A segunda hipótese apresenta evidências nos inúmeros relatos sobre uma severa epidemia de malária que assolou a região na época. A devastação da então preservada Mata Atlântica devido ao crescimento acelerado da população local, fruto da expansão cafeeira fez com que desaparecessem os animais que eram utilizados como fonte de sangue para os mosquitos do gênero Anopheles, os transmissores do microrganismo causador da malária (plasmódio). Obviamente que os mosquitos buscaram outros animais de sangue quente para a sua alimentação: os seres humanos. Além disso, a proximidade de Japurá a um rio, “berçário” para as larvas do mosquito, poderiam facilitar a infestação. Atualmente a malária encontra-se erradicada da região e os eventuais casos registrados pelos órgãos de saúde pública são atribuídos a contaminações ocorridas fora do estado, sobretudo de indivíduos que visitaram ou migraram das regiões centro-oeste e norte onde a doença é endêmica. Seria a epidemia de malária, fruto indireto da devastação da Mata Atlântica, a provável causa da extinção de Japurá?

OBJETIVOS

A partir do acima exposto, o presente projeto tem como objetivos:

1) Resgatar a história regional, recuperando os fatos a partir de relatos de moradores e ex-moradores de Japurá e Vila Ventura e de documentação escrita referente aos povoados;

2) Discutir os entraves econômicos que as monoculturas podem originar a um país;

3) Analisar as conseqüências que a degradação ambiental em prol de uma atividade econômica pode produzir para as populações que vivem naquele ambiente;

4) Confrontar a atual situação da cana-de-açúcar com àquela ocorrida durante o período áureo do café.

METODOLOGIA

1) Visita dos professores a Japurá e Vila Ventura para levantar as possíveis abordagens do projeto além de solicitar autorização para os alunos poderem visitar as áreas privadas dos vilarejos;

2) Proposição de questões, pelos professores, que incitassem os alunos a refletir sobre os vilarejos e as prováveis causas de seu declínio;

3) Visita dos alunos aos vilarejos, nos quais eles registrarão depoimentos de moradores, imagens, emoções e percepções dos locais;

4) Entrega de um relatório no qual as perguntas propostas no item 2 devem estar respondidas;

5) Elaboração, em trios de alunos, de um documentário, entrevista, história, clipe ou alguma outra forma de expressão passível de ser digitalizada. Essas produções devem conter aspectos relevantes sobre a história dos vilarejos, bem como das causas de seus declínios e de fatos presentes que podem ser relacionados aos eventos históricos desses povoados;

6) Construção de um site que congregará toda a produção feita pelos alunos além de conteúdo adicional.