Arte Bizantina
1º ano
novembro/2012
Um pouco de História
O Imperador Romano Constantino concedeu aos cristãos, em 313 d.C., a liberdade de culto e sua proteção oficial. Mas sua maior preocupação, neste período, era o enfraquecimento do império romano, com a iminente invasão dos bárbaros. Para tentar solucionar este problema, ele deslocou o centro de decisões do governo para a antiga colônia grega, Bizâncio, batizando-a com seu nome – Constantinopla. Assim, a partir de 395 d.C., o Império foi dividido em dois – o do Ocidente, englobando a Itália, a Gália, a Espanha, a África do Norte, no qual o latim era a língua oficial, e o do Oriente, abrangendo o Egito, a Palestina, a Ásia Menor, a Grécia e a Macedônia, região em que se falava o grego. Nos dois impérios, a partir de 380 d.C., o Cristianismo tornou-se religião de Estado.
Foi justamente no Império do Oriente que nasceu a arte bizantina, eminentemente cristã. Por sua localização geográfica, ela foi influenciada por Roma, Grécia e pelo Oriente, principalmente pelos persas. Essa mescla de formas gerou um estilo novo, rico e colorido. Sempre vinculada ao Cristianismo, ela privilegiou o espiritual em detrimento do material, destacou o conteúdo, não a forma, e enveredou por um caminho místico. O mosaico é sua expressão mais conhecida, mas sua função principal não era a decorativa, e sim a educativa, pois ele visava orientar os cristãos através da reprodução de cenas da vida de Cristo e também dos imperadores, aos quais se atribuíam poderes divinos, pois o regime político vigente era a teocracia.
Para criar uma aura de grandiosidade espiritual, as pessoas eram representadas frontalmente e na vertical nos mosaicos e afrescos. O dourado era a cor dominante, por simbolizar a luz. A arquitetura também foi um estilo artístico dominante nessa época, principalmente a das igrejas, que eram geralmente construídas sobre uma base circular, octogonal ou quadrada, continham grandes cúpulas, eram vastas e ricamente decoradas. O exemplo mais conhecido deste estilo é a Igreja de Santa Sofia, localizada em Istambul na Turquia, obra dos arquitetos Antêmio de Tralles e Isidoro de Mileto.
A arte bizantina sobreviveu até a queda de Constantinopla em 1453, invadida pelos otomanos. Neste momento, ela iniciava uma terceira fase de ouro, mas pode-se afirmar que suas influências estenderam-se além deste marco histórico, pois na segunda metade do século XV e durante parte do século XVI esta arte ainda prosperava nas regiões em que dominava a ortodoxia grega. GOMBRICH, ERNST H., Breve História do Mundo, 1ª Edição, 2001, Editora Martins Fontes, São Paulo, S.P.
Ícones Bizantinos
O ícone era pintado sobre um painel de madeira, geralmente larice ou abeto. Sobre a superfície aplainada era feito o desenho e começava-se a pintura pela aplicação do dourado, geralmente nas bordas, detalhes das roupas, fundo e resplendores ou coroas. Então, pintavam-se as roupas, as construções e a paisagem de fundo. A última etapa era a aplicação do branco puro na face e nas mãos. O efeito tridimensional era alcançado misturando ocre ao branco e aplicando essa tinta mais escura nas maçãs do rosto, no nariz e na testa. Uma fina camada de verniz avermelhado dava o sutil acabamento final aos lábios, à face e à ponta do nariz. Um verniz marrom era usado no cabelo, nas barbas e nos detalhes dos olhos.
A produção de ícones religiosos era considerada uma arte nobre, que necessitava grande preparação técnica e espiritual. O pintor precisava se purificar de corpo e alma (o jejum era praticado antes do início das pinturas) para conseguir a perfeição e como achava-se que o divino operava pela mão do pintor, era inoportuno assinar a obra.
O simbolismo das cores e letras
Como na maioria das representações sacras, a cor no ícone assume uma importância fundamental para expressar a intenção do pintor. O azul é a cor da transcendência, mistério divino. O vermelho, sem dúvida a cor mais viva presente nos ícones, é a cor do humano e do sangue dos mártires. O verde é usado como símbolo da natureza, da fertilidade e da abundância. O marrom simboliza o terrestre, o humilde e pobre. O branco é a harmonia, a paz, a cor do divino que representa a luz que se avizinha, e o preto, a decepção e a tristeza.
Muitos ícones trazem a inscrição ICXC, forma grega abreviada de Cristo. Também Ø O N, significando ‘’aquele que é’’, aparece nas auréolas. Maria é frequentemente identificada com MP OU, madre partena.
A compreensão do significado do ícone pode ser difícil para a ótica da cultura ocidental, como a pintura impressionista e a arte abstrata, são representações de emoções, de características que não podem ser estabelecidas pelo cânone. Para um artista deste gênero, a luz é uma manifestação divina, não existe o meio tom. Daí a abundancia do dourado: a luz é divina.
Fazendo parte do ensino de História da Arte nos 1°s anos do EM, elaboramos, como trabalhos de fim de ano, uma pintura em estilo bizantino, dourada e com caracteristicas de um mosaico. Cada aluno se empenhou em decorar a figura de Maria com Jesus Menino nos braços usando tintas e miçangas.
Unimos a estética, a fé e a arte e o resultado foi extremamente positivo.