26ª Semana Cultural Agostiniana - 2006

Festa de Santo Agostinho - Missa de Ação de Graças

 

 

Igreja Santa Rita de Cássia

 

 

HOMILIA

28 de agosto de 2006

 

            Querida comunidade!

A Grande Família Agostiniana: agostinianos e agostinianas em paróquias, missões, casas de formação, mosteiros contemplativos, universidades e colégios, junto com toda a Igreja Católica, estendida pelo mundo inteiro, celebramos, hoje, 28 de agosto, a solenidade de Nosso Pai, Santo Agostinho.  

Com certeza, nessas celebrações não falta a Eucaristia de ação de graças, como não falta aqui em Rio Preto. Que esta seja, para todos nós, uma verdadeira Eucaristia de ação de graças e que estas minhas palavras sirvam de reflexão e oração de ação de graças a todos os que, nesta noite, nos colocamos diante de Deus e renovamos nossa disponibilidade para continuarmos dóceis ao seu espírito, como agostinianos em Rio Preto. Oração de ação de graças, por termos sido escolhidos para ser as testemunhas do espírito de Agostinho para nosso tempo e por termos o privilégio de ser os “agostinhos” dos tempos atuais.

Que seja também ação de graças por termos o testemunho de pessoas que se sentiram tocadas com a vida de Agostinho, que fizeram a história da Ordem, aqui nesta cidade e em cada canto do mundo; pelos que foram e são modelos e exemplo para nós. Obrigado, Senhor, pelo Pe. Mariano, especialmente para nós agostinianos em Rio Preto, pois sua presença, seu exemplo, como a vida de todos os santos, nos fortalecem e fortalecem nossa vocação à santidade.

 "Se estes e estas podem, por que não eu?", perguntava-se Santo Agostinho perante os exemplos de vida religiosa que conheceu. Efetivamente, os modelos e exemplos dos santos e dos que nos precederam nos desafiam!

São palavras de desafio as que o Pe. Geral, na carta dos 750 anos da grande união, lança a quem queira se sentir agostiniano nesta época e neste tempo - com as mesmas palavras do Papa Pio XI - que vivemos: “damos graças a Deus porque nos faz viver tempos difíceis. Agora a ninguém lhe é permitido ser medíocre”.  O Pe. Geral nos pergunta: “temos a coragem para ser os agostinianos que nosso tempo pede e precisa?” Essa pergunta é para todos os que estamos aqui: temos coragem de ser verdadeiros agostinianos?

Agostinho, através da biografia e da obra escrita, revela uma postura pessoal, social, política e religiosa que, como agostinianos, temos a responsabilidade de partilhar e o desafio de atualizar, ainda mais porque a realidade atual tem características semelhantes à realidade que ele viveu.

O conhecimento autêntico de Santo Agostinho exige mostrar a diferença entre o Agostinho que vive na mente popular e o Agostinho real, o Agostinho do combate, da busca...

Temos coragem de ser verdadeiros agostinianos? Buscar, lutar sem desistir?

Agostinho dizia: “quando o homem não enfrenta os medos se refugia nas coisas que acumula, nos poderes que escondem sua covardia; quando não domina a si mesmo, domina os outros e quando se exibe, é para se proteger do seu próprio vazio.”

A conversão de Santo Agostinho constitui a valentia e a coragem de enfrentar o medo para que tenha lugar a verdade do homem, para que tenha lugar a força de Deus, para que tenha lugar a solidariedade face à acumulação, para que tenha lugar a oração e a interioridade face à dominação e ao poder.

 Agostinho entendeu e praticou isso e, por esse motivo, não teve medo de ser quem foi e de assumir sua vocação  segundo a realidade do seu tempo.  “Deus, - dizia ele - não manda coisas impossíveis, sem que ao mandar te aconselhe que faças o que puderes e peças o que não puderes” (De nat. Et grat. 43,50).

Como agostinianos de nosso tempo, como membros da comunidade educativa, comunidade paroquial ou das oficinas de Santa Rita e como religiosos consagrados, o espírito de Agostinho e os tempos que vivemos nos desafiam. Temos coragem de ser verdadeiros agostinianos?

"A esperança tem duas filhas: a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las".

“Tarde te amei, beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei!”, confessa Santo Agostinho. Também eu terei que exclamar: Tarde mudei! Tarde aceitei o desafio! Por que não agora?

 

Pe. José Luis Arias, O.S.A

São José do Rio Preto-SP